quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Quem escreveu as leis da natureza?

Teísmo e Ateísmo

Argumento teísta

Do livro "Deus existe", de Antony Flew

Talvez o mais popular e intuitivamente plausível argumento pela existência de Deus é o assim chamado argumento do desígnio. De acordo com ele, o desígnio que se vê na natureza sugere a existência de um Planejador cósmico. Tenho freqüentemente dito que esse é de fato um argumento "da ordem para o desígnio", porque tais argumentos procedem da ordem percebida na natureza para mostrar a evidência de um plano e, assim, de um Planejador. Embora eu já tenha sido um ferrenho crítico do argumento do desígnio, passei a ver que, quando corretamente formulado, ele constitui uma defesa persuasiva da existência de Deus. Avanços em duas áreas em particular levaram-me a essa conclusão. A primeira é a questão da origem das leis da natureza e as idéias, a isso relacionadas, de importantes cientistas modernos. A segunda é a questão da origem da vida e a reprodução. O que quero dizer quando falo das leis da natureza? Por "lei", eu me refiro à regularidade ou simetria na natureza. Alguns exemplos, tirados de livros didáticos, podem ilustrar o que digo:

A lei de Boyle estipula que, dada uma temperatura constante, o produto do volume e da pressão de uma quantidade fixa de um gás ideal é constante.

De acordo com a primeira lei do movimento de Newton, um objeto em repouso permanecerá em repouso a menos que uma força externa atue sobre ele, e um objeto em movimento permanecerá em movimento a menos que uma força externa atue sobre ele.

De acordo com a lei de conservação da energia, a quantidade total de energia em um sistema isolado permanece constante.


O mais importante não é o fato de haver essas regularidades na natureza, mas sim que elas são matematicamente precisas, universais e interligadas. Einstein referiu-se a elas como "a razão encarnada". O que devemos perguntar é o que fez a natureza surgir do jeito que é. Essa, sem dúvida, é a pergunta que os cientistas, de Newton a Einstein e a Heisenberg, fizeram e para a qual encontraram a resposta. Essa resposta foi: a Mente de Deus.

Esse modo de pensar não é encontrado apenas nos conhecidos cientistas teístas pré-modernos, como Isaac Newton e James Maxwell. Pelo contrário, muitos importantes cientistas da era moderna consideram as leis da natureza pensamentos da Mente de Deus. Stephen Hawking termina seu best seller Uma breve história do tempo com a seguinte passagem:


Se descobrirmos uma teoria completa, ela terá de ser compreendida por todas as pessoas, não apenas por alguns cientistas. Então nós todos, filósofos, cientistas e pessoas comuns, devemos ser capazes de participar da discussão sobre o motivo de nós e o universo existirmos. Se encontrarmos a resposta, esse será o supremo triunfo da razão humana, porque, então, conheceremos a mente de Deus.


Mesmo que haja uma única, unificada teoria, ela será apenas um conjunto de regras e equações. Pergunto: o que dá vida às equações e cria um universo para que elas o descrevam?

Hawking disse mais sobre isso em entrevistas posteriores. "O que causa maior impressão é a ordem. Quanto mais descobrimos sobre o universo, mais vemos que ele é governado por leis racionais." "E uma pergunta continua: por que o universo dá-se ao trabalho de existir? Se quiserem, vocês podem definir Deus como a resposta para essa pergunta."

Quem escreveu todos aqueles livros?

Muito antes de Hawking, Einstein usava linguagem similar: "Quero saber como Deus criou este mundo. Quero conhecer Seus pensamentos, o resto são detalhes". Em meu livro God and Philosophy, eu disse que não podemos tirar muita coisa desses trechos, porque Einstein dissera que acreditava no Deus de Spinoza. Como, para Baruch Spinoza, as palavras "Deus" e "natureza" eram sinônimos, poderíamos dizer que Einstein, aos olhos do judaísmo, do cristianismo e do islamismo, era inequivocamente um ateísta e "pai espiritual de todos os ateístas".

Mas o livro recente, Einstein e a religião; física e teologia, de Max Jammer, um dos amigos de Einstein, pinta um quadro muito diferente da influência de Spinoza e das próprias crenças de Einstein. Jammer mostra que o conhecimento que Einstein tinha de Spinoza era bastante limitado, que dele lera apenas Ética e que rejeitara repetidos convites para escrever sobre sua filosofia. Em resposta a um desses convites, ele replicou: "Não tenho conhecimento profissional suficiente para escrever um artigo sobre Spinoza". Embora Einstein compartilhasse a crença de Spinoza em determinismo, Jammer afirma que é "artificial e infundado" presumir que o pensamento de Spinoza influenciou a ciência de Einstein". Jammer observa ainda que "Einstein tinha afinidade com Spinoza porque percebia que ambos sentiam necessidade de solidão e também pelo fato de terem sido criados na tradição judaica e mais tarde abandonado a religião de seus ancestrais".

Mesmo chamando atenção para o panteísmo de Spinoza, Einstein expressamente negava ser ateísta ou panteísta:


Não sou ateísta, e não acho que posso me chamar de panteísta. Estamos na situação de uma criança que entra em uma enorme biblioteca cheia de livros escritos em muitas línguas. A criança sabe que alguém escrevera aqueles livros, mas não sabe como. Não entende os idiomas nos quais eles foram escritos. Suspeita vagamente que os livros estão arranjados em uma ordem misteriosa, que ela não compreende. Isso, me parece, é a atitude dos seres humanos, até dos mais inteligentes, em relação a Deus. Vemos o universo maravilhosamente arranjado e obedecendo a certas leis, mas compreendemos essas leis apenas vagamente. Nossa mente limitada capta a força misteriosa que move as constelações. (Grifo acrescentado.)


No livro Deus: um delírio, Richard Dawkins fala de minha antiga opinião de que Einstein era ateísta. Fazendo isso, ignora a declaração categórica de Einstein, citada acima, de que ele não era ateísta, nem panteísta. Isso é surpreendente, porque Dawkins cita Jammer, mas deixa de fora numerosas declarações, tanto de Jammer como de Einstein, que são fatais para seu argumento. Jammer observa, por exemplo, que "Einstein sempre protestou contra o fato de ser visto como ateísta. Em uma conversa com o príncipe Hubertus de Lowenstein, ele declarou que ficava zangado com pessoas que não acreditavam em Deus e o citavam para corroborar suas idéias. Einstein repudiou o ateísmo porque nunca viu sua negação de um deus personificado como uma negação de Deus".

Einstein, naturalmente, não acreditava em um Deus personificado, mas disse:


Uma outra questão é a contestação da crença em um Deus personificado. Freud endossou essa idéia em sua última publicação. Eu próprio nunca assumiria tal tarefa, porque tal crença me parece preferível à falta de qualquer visão transcendental da vida, e imagino se seria possível dar-se, à maioria da humanidade, um meio mais sublime de satisfazer suas necessidades metafísicas.


"Resumindo", conclui Jammer, "Einstein, como Maimônides e Spinoza, categoricamente rejeitava qualquer antropomorfismo no pensamento religioso". Mas, diferentemente de Spinoza, que via na identificação de Deus com a natureza a única conseqüência lógica da negação de um Deus personificado, Einstein sustentava que Deus se manifesta "nas leis do universo como um espírito infinitamente superior ao espírito do homem, diante do qual nós, com nossos modestos poderes, devemos nos sentir humildes". Einstein concordava com Spinoza na idéia de que quem conhece a natureza conhece Deus, não porque a natureza seja Deus, mas porque a busca da ciência, estudando a natureza, leva à religião.

A "mente superior" de Einstein

Einstein obviamente acreditava em uma fonte transcendental da racionalidade do mundo, que ele chamava de "mente superior", "espírito superior infinito", "força inteligente superior" e "força misteriosa que move as constelações". Isso fica evidente em várias de suas declarações:


Nunca encontrei uma expressão melhor do que "religiosa" para definir a confiança na racional natureza da realidade e de sua peculiar acessibilidade à mente humana. Onde não há essa confiança, a ciência degenera, tornando-se um procedimento sem inspiração. Se os sacerdotes lucram com isso, que o diabo cuide do assunto. Não há remédio para isso.


Quem quer que tenha passado pela intensa experiência de conhecer bem-sucedidos avanços nesta área (ciência) é movido por profunda reverência pela racionalidade que se manifesta em existência... a grandeza da razão encarnada em existência.


O certo é que a convicção, semelhante ao sentimento religioso, da racionalidade ou inteligibilidade do mundo, está por trás de todo trabalho científico de uma ordem superior. Essa crença firme em uma mente superior que se revela no mundo da experiência, ligada a profundo sentimento, representa minha concepção de Deus.


Todos os que seriamente se empenham na busca da ciência convencem-se de que as leis da natureza manifestam a existência de um espírito imensamente superior ao do homem, diante do qual nós, com nossos modestos poderes, devemos nos sentir humildes.


Minha religiosidade consiste de uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela nos pequenos detalhes que podemos perceber com nossa mente frágil. Essa convicção profundamente emocional da presença de um poder racional superior, que é revelado no incompreensível universo, forma minha idéia de Deus.

Saltos quânticos na direção de Deus

Einstein, descobridor da relatividade, não foi o único grande cientista que viu uma conexão entre as leis da natureza e a Mente de Deus. Os pais da física quântica, outra grande descoberta científica dos tempos modernos, Max Planck, Werner Heisenberg, Erwin Schrödinger e Paul Dirac, também fizeram declarações similares, e abaixo reproduzo algumas delas.

Werner Heisenberg, famoso por seu princípio da incerteza e pela mecânica das matrizes, disse: "No decorrer de minha vida, vejo-me freqüentemente compelido a refletir sobre o relacionamento dessas duas áreas de pensamento (ciência e religião), porque nunca pude duvidar da realidade daquilo para o que elas apontam". Em outra ocasião, ele disse:


Wolfang (Pauli) me perguntou de modo inesperado: Você acredita em um Deus personificado? Perguntei se podia reformular a pergunta, dizendo que preferia fazê-la da seguinte maneira: você, ou qualquer outra pessoa, pode chegar à ordem central de coisas e acontecimentos cuja existência parece estar além da dúvida tão diretamente quanto pode alcançar a alma de outra pessoa? Estou usando o termo alma deliberadamente, para não ser mal-compreendido. Se fizer sua pergunta dessa forma, eu direi que sim. Se a força magnética que tem guiado essa bússola especial — e qual mais poderia ser sua fonte, a não ser a ordem central? — se extinguisse, coisas terríveis aconteceriam à humanidade, muito mais terríveis do que campos de concentração e bombas atômicas.


Outro pioneiro da física quântica, Erwin Schrödinger, que desenvolveu a mecânica ondulatória, declarou:


O quadro científico do mundo a minha volta é muito deficiente. Ele me dá muitas informações factuais, põe toda nossa experiência em uma ordem magnificamente coerente, mas mantém um horrível silêncio sobre tudo o que é caro ao nosso coração, o que é realmente importante para nós. Esse quadro não me diz uma palavra sobre a sensação de vermelho ou azul, amargo e doce, sentimentos de alegria e tristeza. Não sabe nada de beleza e fealdade, de bom e de mau, de Deus e de eternidade. A ciência, às vezes, finge responder a essas perguntas, mas suas respostas, quase sempre, são tão tolas que não podemos aceitá-las seriamente. A ciência é reticente também quando se trata de uma pergunta sobre a grande Unidade da qual nós, de alguma forma, fazemos parte, à qual pertencemos. Agora, em nosso tempo, o nome mais popular para isso é Deus, com D maiúsculo. A ciência tem sido, costumeiramente, rotulada de ateísta e, depois de tudo o que já dissemos, isso não é de surpreender. Se o quadro do mundo da ciência não contém beleza, alegria, tristeza, se personalidade foi eliminada dele, por comum acordo, como poderia conter a idéia mais sublime que se apresenta à mente humana?


Max Planck, que foi o primeiro a introduzir a hipótese quântica, sustentou claramente que a ciência complementa a religião, declarando que "nunca poderá haver um real antagonismo entre religião e ciência, porque uma é o complemento da outra". Ele também disse que "a religião e a ciência natural estão lutando juntas numa cruzada sem trégua contra o ceticismo e o dogmatismo, contra a descrença e a superstição, e, assim, a favor de Deus!".

Paul A. M. Durac, que complementou o trabalho de Heisenberg e Schrödinger com uma terceira formulação da teoria quântica, observou que "Deus é um matemático de altíssima categoria, que usou matemática avançada para construir o universo".

Antes desses cientistas, Charles Darwin já expressara uma opinião semelhante:


A razão me fala da extrema dificuldade, ou melhor, da impossibilidade de concebermos a idéia de que esse imenso e maravilhoso universo, incluindo o homem com sua capacidade de olhar para o passado distante e para o futuro remoto, foi resultado de acaso cego. Assim refletindo, sinto-me compelido a procurar uma Primeira Causa com mente inteligente, análoga, de certo modo, àquela do homem. Mereço ser chamado de teísta.


Essa linha de pensamento é mantida viva nos escritos de muitos dos mais importantes cientistas de hoje, como Paul Davies, John Barrow, John Polkinghorne, Freeman Dyson, Francis Collins, Owen Gingerich, Roger Penrose, e filósofos da ciência, como Richard Swinburne e John Leslie.

Davies e Barrow, em particular, têm desenvolvido em teorias as idéias de Einstein, de Heisenberg e outros cientistas a respeito da relação entre a racionalidade da natureza e a Mente de Deus. Ambos receberam o prêmio Templeton por suas contribuições a esse estudo. Suas obras corrigem muitas concepções errôneas à medida que lançam luz sobre os assuntos discutidos aqui.

Leis de quem?

No discurso que fez na entrega do prêmio Templeton, Paul Davies disse que "a ciência só progredirá se os cientistas adotarem uma visão do mundo essencialmente teológica". Ninguém pergunta de onde vieram as leis da física, mas "mesmo os cientistas mais ateus aceitam, como um ato de fé, a existência de uma ordem na natureza que obedece a leis e é, pelo menos parcialmente, compreensível para nós". Davies rejeita duas comuns idéias errôneas. Diz que é errada a idéia de que uma "teoria de tudo" — teoria hipotética que unificaria todos os fenômenos físicos — mostraria que este é o único mundo logicamente consistente, e que isso pode ser demonstrado, porque não há nenhuma prova de que o universo é logicamente necessário, e na verdade é possível imaginar universos alternativos que sejam logicamente consistentes. Davies diz também que é uma "tolice completa" supor-se que as leis da física são leis nossas, não da natureza. Os físicos não podem acreditar que a lei da gravitação de Newton seja uma criação cultural. As leis da física "realmente existem", declara Davies, e o trabalho dos cientistas é descobri-las, não inventá-las.

Ele chama atenção para o fato de que as leis da natureza por trás dos fenômenos não são descobertas por meio de observação direta, mas reveladas por experiência e teoria matemática. Essas leis são escritas num código cósmico que os cientistas devem decifrar a fim de que seja revelada a mensagem que é "a mensagem da natureza, a mensagem de Deus — a escolha do termo é sua —, mas não nossa mensagem".

A questão principal, diz Davies, é dividida em três partes:


De onde vêm as leis da física?

Por que temos essas determinadas leis, em vez de um conjunto de outras?

Como explicamos o fato de que temos um conjunto de leis que dão vida a gases sem traços característicos, consciência ou inteligência?


Essas leis "parecem quase planejadas — funcionando em perfeita harmonia, como dizem alguns comentaristas — para que a vida e a consciência possam emergir". Ele conclui, dizendo que essa "natureza planejada da existência física é fantástica demais para que eu a aceite como um simples fato. Ela aponta para um significado fundamental e mais profundo da existência". Palavras como "propósito" e "planejamento", ele diz, captam apenas de modo imperfeito o porquê do universo. "Mas existe um porquê, disso não tenho a menor dúvida."

John Barrow, em seu discurso na fundação Templeton, observa que a complexidade infinita e a perfeita estrutura do universo são governadas por algumas leis simples, simétricas e inteligíveis. "Existem equações matemáticas, que parecem meros rabiscos num papel, que nos dizem como universos inteiros se comportam." Como Davies, ele descarta a idéia de que a ordem do universo é imposta por nossa mente. "A seleção natural não requer a compreensão de quarks e buracos negros para nossa sobrevivência e multiplicação."

Barrow observa que, na história da ciência, novas teorias ampliam e incluem teorias antigas. Embora a teoria da mecânica de Newton tenha sido substituída pela de Einstein — e poderá ser substituída por alguma outra no futuro —, daqui a mil anos engenheiros ainda recorrerão às teorias de Newton. Do mesmo modo, Barrow diz, as concepções religiosas a respeito do universo também usam aproximações e analogias para facilitar a compreensão de coisas novas. "Elas não são toda a verdade, mas isso não impede que sejam parte da verdade."

O divino legislador

Alguns filósofos escreveram também sobre a divina procedência das leis da natureza. Em seu livro The Divine Lawmaker: Lectures on Induction, Laws of Nature and the Existence of God, o filósofo de Oxford, John Foster, defende que a melhor explicação para a regularidade da natureza, seja como for que a descrevamos, é uma Mente divina. Se aceitamos o fato de que há leis, então temos de aceitar que existe alguma coisa que impõe essa regularidade ao universo. Mas o que é a impõe? Foster sustenta que a opção teísta é a única séria, de modo que "é racionalmente justificada nossa conclusão de que é Deus — o Deus explicado pelos teístas — que cria as leis, impondo as regularidades ao mundo". Mesmo se negarmos a existência de leis, ele argumenta, "há um forte argumento a favor da explicação de que as regularidades são da autoria de Deus".

Swinburne faz uma observação semelhante numa resposta à crítica feita por Dawkins ao seu argumento do desígnio:


O que é uma lei da natureza? (Nenhum de meus críticos enfrentou essa questão.) Dizer que é uma lei da natureza que todos os corpos se comportem de certa maneira — por exemplo, atraem-se mutuamente de acordo com certa fórmula — é, eu sugiro, dizer apenas que cada corpo físico comporta-se assim, isto é, atrai cada corpo dessa maneira. É mais simples supor que essa uniformidade surge da ação de uma substância que faz com que todos comportem-se da mesma maneira do que supor que o comportamento uniforme de todos os corpos é um fato irracional e final.


O principal argumento de Swinburne é que um Deus personificado com as qualidades tradicionais explica melhor a operação das leis da natureza.

Richard Dawkins rejeitou esse argumento, dizendo que Deus é uma solução muito complexa para explicar o universo e suas leis. Parece-me bizarra essa declaração a respeito do conceito de um Ser espiritual onipotente. O que há de complexo na idéia de um Espírito onisciente e onipotente, uma idéia tão simples que é compreendida por todos os seguidores das três maiores religiões monoteístas, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo? Alvin Plantinga recentemente observou que, pela própria definição de Dawkins, Deus é simples, não complexo, porque é um espírito, não um objeto material e que, portanto, não tem várias partes.

Retornando a minha parábola do telefone via satélite do capítulo anterior, as leis da natureza são um problema para os ateístas porque elas são uma voz de racionalidade ouvida pelos mecanismos da matéria. "A ciência baseia-se na suposição de que o universo é meticulosamente racional e lógico em todos os níveis", escreve Paul Davies, comprovadamente o mais influente expositor contemporâneo da ciência moderna. "Os ateístas alegam que as leis da natureza existem sem nenhuma razão, e que o universo é, em última análise, absurdo. Como cientista, acho difícil aceitar isso. Tem de haver um solo firme e racional onde está enraizada a ordenada e lógica natureza do universo."

Esses cientistas que apontam para a Mente de Deus não apenas adiantam-se na apresentação de uma série de argumentos, ou de um processo de raciocínio silogístico, como propõem uma visão da realidade que emerge do centro conceitual da ciência moderna e impõe-se à mente racional. E uma visão que eu, pessoalmente, considero não só convincente como irrefutável.