segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pai, você acredita que Deus existe?

Meu filho mais velho que hoje tem 12 anos me fez essa pergunta ontem à tarde. Se você estivesse em meu lugar, como você responderia? Se você deseja que seu filho aprenda a questionar e esteja imunizado contra uma possível “lavagem cerebral”, qual seria a melhor forma de responder a essa pergunta?

Vou dizer como respondi a essa pergunta. Foi a melhor forma que encontrei para respondê-la. Pode perfeitamente não ser a melhor abordagem para este caso, mas foi a que me ocorreu naquele momento. Eu disse a ele que não tinha cem por cento de certeza, mas achava bem provável que existisse uma espécie de ENTE SUPERIOR. Isso não quer dizer que o Deus pregado nas igrejas seja esse SER ou INTELIGÊNCIA SUPERIOR. Isso não quer dizer que tenhamos condições de saber como este SER ou INTELIGÊNCIA SUPERIOR deveria ser. Ele pode não existir, mas também pode existir e não ser como esperamos ou como desejamos. Então, antes de perguntarmos se Deus existe, cabe uma questão mais importante: o que é Deus? Sobre qual definição devemos divagar se ele existe ou não existe? Tarefa difícil. Achei melhor responder em termos de “mais provável” ou “menos provável”, sem deixar de lembrar que isso também pode estar sujeito mais à minha vontade de que ele exista do que a uma análise fria e imparcial do assunto. Muitos dizem ter certeza absoluta de sua existência, mas os argumentos que utilizam são superficiais e não nos permitem ter essa certeza. No meu caso, prefiro assumir que eu desejo que ele exista e que seja diferente daquela caricatura grosseira apresentada nos livros “sagrados”. Achei melhor abrir o jogo e dizer o que eu realmente penso ao meu filho. Depois conversamos sobre o céu, sobre o inferno, sobre demônios, sobre espíritos, naquela tarde tranqüila de domingo que foi o dia de ontem. Quero que meu filho seja totalmente livre para acreditar ou não em alguma coisa, e a única forma de ele ser totalmente livre é entendendo o PORQUÊ de acreditar em alguma coisa. Não há como ele entender o porquê de suas possíveis crenças se ele não tiver coragem para questionar, seriamente, até as coisas aparentemente mais inquestionáveis. Acredito que somente assim ele estará mais imunizado contra as crendices, as superstições e o charlatanismo que pululam e se acotovelam em nossos dias atuais, somente assim ele estará mais preparado para o futuro.

Ao meu filho, com amor.


Maurício C.P.