segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eclesiastes e o aniquilamento

Segundo os aniquilacionistas, Eclesiastes seria um texto legítimo para retratar o estado do homem na morte. Se tomado ao pé da letra, ele retrata um estado de total inconsciência e inatividade na morte. O verso 5 é dos primeiros que surgem, sempre que debatemos com um aniquilacionista.

Vejamos o que diz o texto, sem desprezarmos seu devido contexto:

Eclesiastes 9:5,6
5 - Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento.

6 - Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.

Observemos que a passagem nega não somente a consciência na morte, mas toda e qualquer possibilidade de uma vida futura. A primeira parte diz que “os mortos não sabem coisa nenhuma”, mas a restante também diz que “nem tampouco terão eles recompensa”, e “já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol”, do que se conclui que, se a primeira parte prova a inconsciência na morte, então, de igual modo, para sermos coerentes, a segunda parte provaria também que inexiste qualquer hipótese de ressurreição ou recompensa futura para os mortos.

O texto revela total inconsciência na morte e a impossibilidade de qualquer recompensa "debaixo do sol", porque "o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram", daí porque "não terão eles jamais recompensa".

Isso é inconsciência e inexistência. Não há possibilidade de vida futura, nem de recompensas. O trecho "coisa alguma" também exclui as recompensas.

Acima estão as consequências da postura aniquilacionista. Agora, vou colocar o entendimento que por motivos óbvios, entendo ser mais aceitável sobre o texto. Esse entendimento se baseia na reflexão de uma amiga que é formada em teologia. Segundo ela, há um período na vida de Salomão em que ele se encontrava desiludido, enfraquecido na fé e até um tanto afastado de Deus. Todo o começo de Eclesiastes, até pelo menos o décimo capítulo, estaria evidenciando esta situação. Nota-se num estudo apurado deste livro, a recuperação espiritual e emocional de Salomão, quando suas revelações passam de pessoais e amarguradas para espirituais e divinas, mudando totalmente sua posição em relação às afirmações feitas acima:

Eclesiastes 12:7 “E o corpo volta para a terra como o era, e o espírito sobe para Deus, que o deu”.

Diante da reflexão acima, essa posição é a única que considero aceitável até o momento. Não há como chegar a outra conclusão senão que essa passagem não serve de suporte à doutrina do aniquilamento ou do "sono da alma".



Maurício C.P.